As intervenções da ama nesta área estratégica justifica-se pelo facto da organização assumir que os recursos naturais são a base da existência e sobrevivência humana. As acções crescentes de exploração insustentáveis destes recursos são a principal causa para o aumento acelerado dos impactos socio-ambientais negativos como erosão, desertificação, desmatamento, extinção de espécies, secas, cheias, quedas irregulares das chuvas e outras calamidades naturais relacionadas com as mudanças climáticas. Como forma de fazer valer os desígnios que nortearam a criação e surgimento da organização a 20 anos, o ideal de salvaguardar os recursos naturais ambientais para o bem-estar das comunidades ainda reflecte a visão da organização. Dentro desta área estratégica ama definiu quatro sub-áreas temáticas.
Gestão Sustentável dos Recursos Marinhos
Como estratégia para minimizar a situação prevalecente de práticas de exploração insustentável dos recursos marinhos a ama promove acções visando reduzir a pressão sobre os recursos marinhos e utilização de artes nocivas através da consciencialização das comunidades e todos os outros actores para adopção de medidas de gestão sustentável e criação de actividades de rendimento alternativas aos recursos marinhos.
A ama deposita atenção especial nas acções de facilitação para criação e fortalecimento institucional dos Conselhos Comunitários de Pesca e Comités de Gestão de Recursos Naturais com o objectivo de promover actores locais para fiscalização e protecção dos recursos nas zonas de conservação.
Estas iniciativas são desenvolvidas em parceria com as instituições do governo provincial e distrital como Direcção Provincial para Coordenação e Acção Ambiental, Administração Marítima, Instituto de Desenvolvimento de Pesca em Pequena Escala, Parque Nacional das Qurimbas, Serviços Províncias de Pesca, Direcção Provincial de Pesca, Serviços Distritais Actividades Económicas, Serviços Distritais de Planificação, Conselho Técnico Distrital e autoridades do governo local, líderes religiosos e tradicionais e organizações comunitárias de base como Conselhos de Comunitários de Pesca, Comités de Gestão de Recursos Naturais e pescadores, etc.
Gestão Sustentável dos Recursos Florestais
Os recursos florestais são actualmente alvo de acções não recomendáveis no quadro legal vigente no país. Como estratégia para inverter este cenário e promover práticas sustentáveis, a ama tem desenvolvido várias acções através de diferentes projectos. O projecto FEFA (Extensão Florestal Para Camponeses de Ancuabe) com financiamentos da (DFE) Danish Forest Extension com o objectivo de fortalecer as capacidades das comunidades para que possam assumir o controlo e gerir os seus próprios recursos, representa a maior fonte de experiência da ama nesta área tematica. Com este propósito, a ama trabalha com mais de 30 comunidades e mobiliza os grupos para elaboração de planos de maneio e co-gestão dos seus recursos de forma participativa. Nas mesmas comunidades, foram promovidas mais de 20 novas florestas comunitárias, viveiros comunitários e privados de espécies florestais nativas, fruteiras e sombreiras.
As actividades de treinamento das comunidades são extensivas a grupos de agricultores, carpinteiros e produtores carvão / bambu, para que se organizem em grupos florestais comunitários (GFC), cooperativas de produção (COOPs) e Associação de Produtores Florestais do Distrito (APRD). Para garantir que as comunidades tenham o benefício das receitas provenientes dos 20% da exploração de recursos florestais, ama facilitou o processo da criação e do treinamento de cerca de 25 comités de gestão de recursos naturais e desenvolve uma metodologia para realização de monitorias do processo de canalização destes benefícios através de auditoria social.
A ama facilita treinamentos às comunidades, agricultores, carpinteiros e produtores de carvão / bambu, atribuir capacidades para se organizarem em grupos Florestais Comunitários (GLC), cooperativas de produção (PCoops) e Associação de Produtores Florestais do Distrito (FGA).
Segurança Alimentar
através da Agricultura de Conservação e Sistemas Agroflorestais. Como uma organização ambientalista, no âmbito de segurança alimentar a ama assume como modelo de intervenção a promoção da agricultura de conservação e sistemas agroflorestais visando a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, melhoraria da fertilidade dos solos e aumento da produção e produtividade das comunidades. Como resultado destas acções mais de 40 associações em igual número de comunidades, envolvendo mais de 500 beneficiários, nos distritos de Ancuabe e Montepuez, estão a implementar práticas de agricultura de conservação e sistemas agroflorestais.
Foram estabelecidos mais de 40 campos de demonstração de resultados dos sistemas agroflorestais e técnicas de agricultura de conservação onde são divulgados os princípios consociação adequada de culturas, cobertura morta, desbaste mínimo, etc. Estas actividades abarcam neste momento um total de 2000 agregados familiares de quatro postos administrativos dos distritos acima mencionados.
As iniciativas foram e estão a ser promovidas através de varios projectos, por exemplo SAAN (Segurança Alimentar e Agro Negócios) com o financiamento da União Europeia através das Helvetas, projecto MVS (Meios de Vida Sustentáveis) com o financiamento do Gobierno Basco através da Intermon Oxfam desde 2009 e o projecto FCEIHOSC (Fortalecimento das Capacidades Económicas, Institucionais e Humanas das Organizações da Sociedade Civil), financiado pela AECID através da ActionAid Moçambique.
Gestão de Recursos Minerais e Hidrocarbonetos
Nos últimos anos, Moçambique no geral, e a província de Cabo Delgado em particular, tornou-se palco de procura e pesquisa de recursos minerais, pedras preciosas, semi-preciosas e hidrocarbonetos. Os resultados das pesquisas confirmam que o norte da província de Cabo delgado é rico em reservas de gás e seus derivados e apresenta um grande potencial para existência de reservas de petróleo. Há também confirmação de existência de grandes reservas de minérios de rubi, ouro, grafite, mármore, etc.
O facto de estar provado que desde o processo de pesquisa até extracção ou exploração arrastar consigo possíveis impactos socio-economicos e ambientas negativos principalmente para as comunidades dessas regiões, determinou que os recursos naturais e hidrocarbonetos fossem consideradas áreas de intervenção no actual plano estratégico da ama.
Como estratégia para iniciar com acções concretas nesta área, actualmente a ama esta a priorizar o desenvolvimento de pesquisa de monitoria de instrumentos como plano de comunicação, plano de gestão ambiental e outros documentos de orientação deste processo. Entre outras actividades a ama por exemplo já realizou uma monitoria do plano de comunicação da STATOIL, uma multinacional que desenvolveu PESQUISA 3D na Bacia do Rovuma na província de Cabo delgado. Também desenvolvem-se acções de auscultação comunitária sobre processos de exploração de recursos minerais (rubi) com vista a identificar os impactos socio-economicos e ambientais e a partir deste processo iniciar acções de advocacia.
Doravante, a ama vai dar continuidade nesta área os processos de auscultação, mobilização e fortalecimento institucional das comunidades e mecanismos da sociedade civil. Vai também aprimorar acções de monitoria para alimentar os processos de advocacia.